Festa de Abertura do Fórum Social de SP
Hoje (28), às 18h, teremos a Festa de Abertura do Fórum Social de SP no AcampaSampa.
Tragam instrumentos de percussão, panelas e apitos para fazermos uma grande batucada por uma outra cidade e um mundo melhor!
Mais sobre o Fórum Social de SP: http://forumsocialsp.org.br/
Ocupa Sampa em solidariedade ao Wilson de Magalhães
Replicamos aqui a nota pública dos alunos de história da UFAL.
Em solidariedade,
Ocupa Sampa.
—
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIA
Maceió, outubro de 2011
NOTA PÚBLICA:
Aluno de História da UFAL marcado para morrer:
É com profunda indignação, tristeza e certeza da necessidade de transformação radical da sociedade, que vimos tornar público mais um exemplo do papel que cumpre o Estado democrático de direito e sua devida roupagem coronelista que se mostra em estados como o de Alagoas.
Infelizmente, o caso em questão envolve um estudante do curso de História da UFAL e, portanto, membro do CAHIS. Wilson de Magalhães é aluno de licenciatura em história, já cursou direito e há nove anos é policial civil. Além de ter participado do movimento estudantil na época em que fazia o curso de direito e atualmente, apoiar as lutas travadas pelo ME de História, ele também atua nas reivindicações sindicais de sua categoria enquanto policial civil.
Wilson está sendo ameaçado após denunciar um esquema de torturas, falsificação de provas e prisões ilegais contra inocentes dentro da casa de custódia I de Maceió, exclusiva para detenção de policiais civis. Tais denúncias envolvem grandes nomes da cúpula da segurança pública de Alagoas, poder judiciário e a própria polícia civil, conforme detalhes em documentos anexados.
Este caso não é uma exceção a regra em Alagoas. Aqui, esta é a regra. Inúmeros casos de crimes e assassinatos de mando, em sua maioria executados para silenciar aqueles que não entram no jogo de corrupção disseminado pelos tentáculos da máquina estatal. Em nosso estado, nem a maquiagem de neutralidade que a ideologia dominante costuma pintar os poderes públicos é colocada em prática. Toda a podridão das contradições sociais do capitalismo são externadas numa violência típica dos tempos da época coronelista.
Se no Brasil, 10% da população mais rica detêm 75,4% de todas as riquezas (dados do IPEA), em Alagoas esta realidade se apresenta de forma mais aguda: além da riqueza produzida, as três principais empresas de comunicação e a maioria dos cargos públicos do judiciário, executivo e legislativo são propriedades restritas a 12 (doze) famílias.
Para a manutenção desta “ordem”, toda a máquina do estado se fez e se faz necessária; quer sejam através das medidas mais gerais execradas pelo judiciário, legislativo e/ou executivo; quer sejam pelas medidas mais imediatas, como a execução e extermínio daqueles que “falam demais”, sobre coisas que “não se pode falar”. Aqueles que se colocaram – de uma forma ou de outra – contra este status quo alagoano ou morreram e viraram “estatísticas”, ou tiveram que fugir do estado.
Esta nota se faz necessária no sentido de estarmos divulgando o que está acontecendo neste exato momento de sua publicação, pois – conforme não poderia ser diferente – a mídia não toca no assunto. Ou seja, para a massa dos Alagoanos e sociedade brasileira em geral nada esta acontecendo, afinal, a ditadura militar — afirmam cotidianamente os “grandes” jornais – acabou há duas décadas e hoje o país é um exemplo para o resto do mundo.
Dentro dos nossos limites, nos colocamos em solidariedade ao nosso companheiro Wilson e sua família e iremos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para que o caso não se torne mais um em Alagoas, a exemplo do professor de História Paulo Bandeira que, após denunciar desvios de verba na prefeitura de Satuba teve seu corpo amarrado e ateado fogo até a morte.
Sabemos dos riscos que estamos assumindo ao publicarmos este caso, mas enquanto estudantes de História seria uma contradição vergonhosa e covarde ficarmos calados diante desta brutal contradição da sociedade de classes em Alagoas.
Lista de necessidades atualizada
+ gasolina (para gerador) urgente!
+ escova de dentes
+ tinta para silk screen
Câmara dos Veredores discutirá abusos cometidos pela GCM e PM contra Ocupa Sampa
Hoje, dia 27 de outubro, às 13h30, na sala “Sérgio Vieira de Mello”, no 1º subsolo, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Vereadores discutirá o ofício do CONDEPE (Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) denunciando abusos e excessos cometidos contra integrantes do movimento “Ocupa Sampa” pela Guarda Civil e pela Polícia Militar.
CONVIDAMOS TODXS A COMPARECER À DISCUSSÃO PARA PAUTAR ADEQUADAMENTE A COMISSÃO.
A Câmara fica no Viaduto Jacareí, 100 – Bela Vista.
A Veja não nos representa
O grupo que ocupa o Vale do Anhangabaú desde o último dia 15 de outubro para se manifestar contra o sistema político-econômico vigente recebeu com indignação a matéria de capa da edição de 26 de outubro da revista Veja. A matéria “Dez motivos para se indignar com a corrupção” demonstra mais uma vez a tendência conservadora do conselho editorial do grupo Abril, e sua prática de manipulação da informação pelo método de omissão e ênfase. A manipulação de símbolos é flagrante, por exemplo com o uso descontextualizado da imagem da máscara de Guido Fawkes, que se tornou símbolo dos levantes anticapitalistas no mundo todo, visando canalizar a insatisfação dos 99% da população para as pautas que interessam ao privilegiado grupo econômico da qual a publicação é porta-voz: o empresariado, sobretudo paulista.
É inegável que os movimentos autônomos que convergem em acampadas em cidades como Belém, Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, em consonância com os levantes internacionais, condenam qualquer forma de corrupção. Entretanto aquilo contra o qual lutamos é uma doença muito maior, a corrupção é apenas um de seus desagradáveis sintomas (ver Manifesto da ocupação paulista, em anexo). A revista Veja usa suas páginas para atacar o Governo Federal e fazer “oposição” de Direita. Combater a corrupção como se fosse causa e não consequência é alimentar o mal ou, para dizer o mínimo, enxugar gelo. O sistema político vigente, as regras do jogo em si, é que propiciam, senão incentivam práticas de corrupção.
Mas para além do desvio de dinheiro público por debaixo dos panos, existe outras formas de alocação de recursos públicos para interesses privados, como no caso da construção da usina de Belo Monte, que terá 80% do seu custo de R$ 30 Bilhões bancado com dinheiro público, mesmo que os únicos beneficiados com a obra sejam as empreiteiras e as empresas estrangeiras que exploram o alumínio na região Norte. Apenas 10% desse alumínio fica no Brasil; quanto aos lucros, a maior parte fica nas mãos dessas corporações transnacionais e de uma pequena elite política brasileira. Sobram para os brasileiros apenas a conta para pagar, e o sofrimento causado pelos impactos sociais e ambientais.
Outro modo de apropriação do Estado pelo interesse particular é a aprovação de leis como o novo Código Florestal, que tem sido tocado como o rolo compressor da bancada ruralista. O prejuízo ambiental será de todos, uma vez que todos terão menos oxigênio, nascentes de rios e biodiversidade. Enquanto os exportadores de soja, milho e cana, mais dinheiro em suas contas.
As acampadas anticapitalistas como a ocupação do Viaduto do Chá apelidada provisóriamente como Acampa Sampa contestam o sistema de Democracia Representativa, por entender que o povo tem o direito de participar diretamente da discussão e decisão políticas. Constatamos que os políticos não nos representam. Uma vez eleitos, representam apenas a seus próprios interesses e o daqueles que financiam suas campanhas.
Entretanto é importante notar que o que Veja propõe não é uma transformação política que impeça tais práticas, mas ao contrário, gostaria de ver os magnatas da indústria e comércio, marcadamente associadas a PSDB e DEM no comando do Estado para arbitrar tanto quanto as elites agrárias às quais o atual governo petista se aliou.
Essa postura é evidenciada pelo fato de que a revista dá voz à Fiesp, mas não entrevistou sequer um dos participantes dos movimentos de “indignados” das ocupações públicas. A revista, que dá ênfase à corrupção no atual governo federal, não retoma os escândalos dos governos passados e apresenta propostas extremamente neoliberais como remédio para a corrupção. Veja chega colocar no mesmo balaio dos corruptos, também aposentados, pensionistas e pessoas que recebem bolsas do governo. O que Veja quer é defender a diminuição de gastos sociais e a demissão de miliares de funcionários públicos e diminuir a carga tributária paga por seus patrocinadores.
Veja tenta confundir o leitor, fazendo parecer que a sua luta específica contra o Governo Dilma e a favor dos empresários é a luta dos acampamentos de indignados. A Veja não nos representa. Nossa luta não é simplesmente contra o governo Dilma. Nossa luta é contra o Capital e os governos de um modo geral. Queremos a mudança do sistema e a transição para uma sociedade em que todos tenham vez e voz. Nossa luta é também contra os governos estaduais e municipais do bloco político sustentado pelo grupo Abril.
Nossa luta por Democracia Real é também uma luta contra empresas de comunicação manipuladoras do processo político, como a própria Veja. Enquanto houver essa democracia indireta e o capitalismo selvagem, haverá corrupção.
Não queremos um estado reduzido para ver o poder ainda mais concentrado nas mãos de empresários. Queremos o poder nas mãos do povo, e o povo plenamente livre, decidindo junto os destinos de suas comunidades. É por isso que não concordamos com qualquer reforma política que sirva para manter e aumentar o poder daqueles que já concentram poder, queremos a transformação completa do sistema.
Discordamos também quando a revista afirma que o Brasil não está em uma situação tão grave quanto a dos países europeus que enfrentam a crise do capital. O que acontece é que o Brasil se acostumou com a crise e com as suas gritantes contradições. Basta olhar a situação dos sem-teto, dos sem-hospital, dos sem-escola, dos sem voz em nosso país para ver que a situação do Brasil que cresce, cresce para poucos. Chegamos a essa situação não simplesmente por causa da corrupção, mas pela exploração do homem pelo homem que já dura mais de cinco séculos.
Aula aberta
Hoje (26), no AcampaSampa, teremos a presença do filósofo e professor da USP Vladimir Safatle, que às 19 horas ministrará a aula aberta Primaveras, Políticas e Estados.
Para dar um gostinho do que vem por ai, deixamos aqui um texto que Vladimir Safatle escreveu em sua coluna semanal no jornal Folha de São Paulo.
Eles sabem o que fazem
Um dos mantras preferidos daqueles que chegam aos 40 anos é: os jovens de hoje não têm grandes ideais, eles não sabem o que fazem.
Há algo cômico em comentários dessa natureza, pois os que tinham 18 anos no início dos anos 90 sabem muito bem como nossas maiores preocupações eram: encontrar uma boa rave em Maresias (SP), aprender a comer sushi e empregar-se em uma agência de publicidade. Ou seja, esses que falam dos jovens atuais foram, na maioria das vezes, jovens que não tiveram muito o que colocar na balança.
Por isso, devemos olhar com admiração o que jovens de todo o mundo fizeram em 2011.
Em Túnis, Cairo, Tel Aviv, Santiago, Madri, Roma, Atenas, Londres e, agora, Nova York, eles foram às ruas levantar pautas extremamente precisas e conscientes: o esgotamento da democracia parlamentar e a necessidade de criar uma democracia real, a deterioração dos serviços públicos e a exigência de um Estado com forte poder de luta contra a fratura social, a submissão do sistema financeiro a um profundo controle capaz de nos tirar desse nosso “capitalismo de espoliação”.
Mas, mesmo assim, boa parte da imprensa mundial gosta de transformá-los em caricaturas, em sonhadores vazios sem a dimensão concreta dos problemas. Como se esses arautos da ordem tivessem alguma ideia realmente sensata de como sair da crise atual.
Na verdade, eles nem sequer têm ideia de quais são os verdadeiros problemas, já que preferem, por exemplo, nos levar a crer que a crise grega não seria o resultado da desregulamentação do sistema financeiro e de seus ataques especulativos, mas da corrupção e da “gastança” pública.
Nesse sentido, nada mais inteligente do que uma das pautas-chave do movimento “Ocupe Wall Street”. Ao serem questionado sobre o que querem, muito jovens respondem: “Queremos discutir”.
Pois trata-se de dizer que, após décadas da repetição compulsiva de esquemas liberais de análise socioeconômica, não sabemos mais pensar e usar a radicalidade do pensamento para questionar pressupostos, reconstruir problemas, recolocar hipóteses na mesa. O que esses jovens entenderam é: para encontrar uma verdadeira saída, devemos primeiro destruir as pseudocertezas que limitam a produtividade do pensamento. Quem não pensa contra si nunca ultrapassará os problemas nos quais se enredou.
Isso é o que alguns realmente temem: que os jovens aprendam a força da crítica. Quando perguntam “Afinal, o que vocês querem?”, é só para dizer, após ouvir a resposta: “Mas vocês estão loucos”.
Porém toda grande ideia apareceu, aos que temem o futuro, como loucura. Por isso, deixemos os jovens pensarem. Eles sabem o que fazem.
Ação direta
Ontem integrantes do AcampaSampa colocaram o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin, na parede em uma ação direta após a pré-estreia do filme “Tancredo – A Travessia”, do cineasta Silvio Tendler.
Quando estava saindo do filme, no Shopping Bourbon, localizado na zona oeste de São Paulo, Alckimin foi abordado por integrantes do AcampaSampa, e deu a entender que não sabia da existência do nosso movimento (será?).
O tucano ficou embaraçado quando deu de cara com manifestantes, que levavam cartazes e gritavam frases como “o povo unido governa sem partido” e “não nos representa”.
[youtube]FOLFEdbti_8[/youtube]
Mensagem de Apoio da Acampada Salamanca
|| A TRADUÇÃO SEGUE ABAIXO DA MENSAGEM ORIGINAL ||
Estimados compañerxs: Os escribimos desde Salamanca, una ciudad universitaria de menos de 160.000 habitantes en la que el movimiento social 15M se ha incorporado en nuestras vidas. El movimiento, surgido el 15 de Mayo de este año, fue una ráfaga de aire fresco en nuestro panorama político que era cada vez más desolador y menos democrático, donde la participación en la política por parte del ciudadano se basaba a votar a un partido cada cuatro años, un partido que nunca cumplía con su programa y, por el cual, los ciudadanos nos sentíamos ajenos a la vida política. En un contexto de crisis, de muchos prejuicios creados por parte de los medios de comunicación masivos y, en general, de una gran desinformación política, económica y social; un movimiento social se expandió por más de 300 acampadas de todo el mundo. Manifestaciones masivas, colaboración por parte de desconocidos, trabajo, lucha común. Eso es el 15M. Las claves del éxito del movimiento fueron claras: era un movimiento en un contexto de crisis económica y, por supuesto, era un movimiento apartidista y asindicalista por lo que ningún ciudadano se sentía excluido. Sólo era necesario un requisito: estar indignado. Indignado con la dictadura de los mercados, con el sistema electoral y con la corrupción de aquellos quienes nos gobiernan. En las redes sociales, el grito era claro “No usamos banderas, porque las banderas nos separan. Es más fuerte lo que nos une que lo que nos separa, por eso estamos juntos”. De la misma manera nos negamos a crear un partido político, porque con este sistema electoral los partidos políticos no nos representan y no queremos entrar en su juego. Es un movimiento asambleario, de la calle. Un órgano de presión, si lo preferís. Somos personas anónimas que trabajamos altruistamente, no queremos llevarnos méritos ni tener compensaciones de ningún tipo. Sólo pedimos ser escuchados. El apartidismo es nuestra seña, las manos nuestras armas y el altruismo nuestro símbolo. Por eso animamos a nuestros compañerxs indignadxs de São Paulo que hagan lo mismo, que luchen por una población unida, donde las banderas no importan y los partidos políticos sólo separan. Porque un 15M con bandera no es nuestro movimiento. Un abrazo y mucha suerte, Firmado, Acampada Salamanca.
|| TRADUÇÃO ||
Estimadas companheirxs:
Escrevemos a vocês aqui de Salamanca, uma cidade universitária com menos de 160 mil habitantes onde o movimento social 15M se incorporou em nossas vidas. O movimento, surgido em 15 de maio deste ano, foi uma lufada de ar fresco em nosso panorama político, que era cada vez mais desolador e menos democrático; onde a participação do cidadão na política consistia em votar em um partido a cada quatro anos — um partido que nunca cumpria seu programa e, assim, os cidadãos nos sentíamos alheios à vida política.
Em um contexto de crise, de muitos preconceitos criados pela mídia e, em geral, de uma grande desinformação política, econômica e social, esse movimento social se expandiu por mais de 300 acampadas no mundo inteiro. Manifestações massivas, colaboração por parte de desconhecidos, trabalho, luta comum. Isso é o 15M.
As chaves do êxito do movimento foram claras: era um movimento em um contexto de crise econômica e, sem dúvida, era um movimento apartidário e assindicalista, de maneira que nenhum cidadão se sentia excluído. Apenas era necessário um requisito: estar indignado. Indignado com a ditadura dos mercados, com o sistema eleitoral e com a corrupção daqueles que nos governam. Nas redes sociais, o grito era claro: “Não usamos bandeiras, porque as bandeiras nos separam. É mais forte aquilo que nos une do que aquilo que nos separa, por isso estamos juntos”. Da mesma forma nos negamos a criar um partido político, porque com este sistema eleitoral os partidos políticos não nos representam e não queremos entrar em seu jogo. É um movimento assembleário, da rua. É um órgão de pressão, se preferirem. Somos pessoas anônimas que trabalham de maneira altruísta; não queremos levar mérito nem obter compensações de nenhum tipo. Apenas demandamos ser escutados. O apartidarismo é o nosso signo, as mãos são nossas armas e o altruísmo é o nosso símbolo.
Por isso animamos os nossos companheirxs indignadxs de São Paulo para que façam o mesmo: que lutem por uma população unida, onde as bandeiras não importam e os partidos políticos só separam. Porque um 15M com bandeira não é o nosso movimento.
Um abraço e muita sorte,
Assinado
Acampada Salamanca
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